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10/12/2020Undime

Saiba como foi o terceiro dia do 8º Fórum Nacional Extraordinário da Undime

Assim como no primeiro dia do evento, a tarde desta quarta-feira (9) começou com música e muita energia boa! O cantor Marcos AC, de Brasília, foi o encarregado por alegrar os participantes antes do início das palestras.

Direto de Sud Mennucci (SP), o presidente da Undime, Luiz Miguel Garcia, entrou ao vivo para dar as tradicionais boas-vindas. Logo em seguida, começaram as mesas de debate.

Garantia de uma educação inclusiva em um processo de ensino híbrido

Sob a mediação de Vilson Macedo, Dirigente Municipal de Educação de Espigão do Oeste (RO), presidente da Undime RO e Undime Região Norte, três convidados debateram sobre a garantia de uma educação inclusiva em um processo de ensino híbrido. Rodrigo Hübner Mendes, presidente do Instituto Rodrigo Mendes; Geovana Lunardi, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd); e Maria Teresa Mantoan, professora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença/Leped da Unicamp deram suas contribuições.

Geovana Lunardi alertou para o fato de que o compromisso de garantir a educação inclusiva independe da modalidade de ensino e que, nesse caso, é preciso encarar o ensino híbrido como uma modalidade. Além disso, destacou que a experiência no ensino emergencial remoto trouxe à tona o fato de que o direito a educação necessariamente está atrelado a outros direitos da sociedade brasileira.

“A primeira preocupação em relação a garantia de uma educação inclusiva, independentemente da modalidade, vem no sentido de trazer para nós a preocupação que a gente precisa efetivamente construir um modelo de educação que garanta como direito, e perceber como é que, ao pensar numa modalidade de ensino, a gente configura a noção de todos. Então o direito a educação necessariamente implica numa ampliação e numa perspectiva de quem são os sujeitos da educação. Nesse sentido, ao constituir essa configuração e esse sentido de todos, o que nós vemos acontecendo no último ano, a partir da organização dos modelos de educação emergencial remoto, foi uma espécie de redução dessa noção de todos”, disse Lunardi.

Já Rodrigo Mendes alertou para o fato de que não existe uma conexão automática entre a deficiência e o risco de contaminação e isso deve ser levado em conta quando se fala de ensino híbrido. "Esse segmento não pode ter uma discriminação quanto a carga horária destinada às aulas presenciais e o tempo de ensino remoto. Eles precisam usufruir do mesmo tempo de interação com colegas e acessibilidade", disse ao reforçar que as decisões devem sempre ser tomadas em conjunto.

Sem querer minimizar as dificuldades, Mendes falou ainda que os relatos sobre esse período de pandemia trazem sinais de uma surpreendente capacidade de superação nesse contexto e três fatores se destacam. "Ao contrário do que se imagina, os relatos indicam que as equipes se superaram em manter os vínculos; além disso há o trabalho colaborativo e a parceria entre os profissionais para garantir o aprendizado; e a aceleração da aprendizagem das equipes das escolas quanto ao uso das tecnologias". Nesse sentido, salientou a importância de gestores e professores trabalharem juntos, sobretudo nesse modelo de ensino híbrido.

Maria Teresa Mantoan fez uma defesa de que "precisamos garantir que as escolas possam retomar, quando for o momento adequado, com condições seguras, sem a pressa de recuperar o que não aconteceu em 2020". Ela discordou das falas anteriores e argumentou que os professores impõem barreiras ao ambiente fisico, à comunicação e até atitudinais e disse ainda que “o meu grande temor é a recuperação no sentido de que, depois da pandemia, todo mundo vai entender de educação inclusiva. As escolas fizeram as crianças perderem tempo na pandemia”, criticou ela.

Oferta de atividades não presenciais com recursos educacionais abertos

A segunda mesa do dia pautou a oferta de atividades não presenciais com recursos educacionais abertos (REA) e contou com a participação de Anna Helena Altenfelder, presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec); Maria Cecília Magalhães, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP); e Tereza Perez, diretora-presidente da Comunidade Educativa Cedac. A coordenação das falas ficou por conta da professora Andreia Pereira da Silva, Dirigente Municipal de Educação de Oliveira (MG) e presidente da Undime MG.

Para Teresa Perez o desafio atual é oferecer atividades com recursos educacionais abertos que favoreçam o trabalho numa rede colaborativa. "Não é nada fácil fazer isso, nós não fomos formados para isso e nós, educadores, temos uma tendência a resistir às inovações". Ela lembrou que, antes da pandemia, as escolas proibiam o celular. "O que recusávamos há anos, tivemos que aceitar em 3 meses, principalmente para manter o vínculo com os alunos. O celular se tornou item básico".

As três palestrantes chamaram a atenção para a ideia de que os recursos educacionais abertos não é só uma transposição do presencial para o virtual, é muito mais complexo.

A representante do Cenpec afirmou que os REA ampliam as possibilidades de interação dos professores, porém "são super importantes, mas eles não substituem o professor. Os professores são essenciais".

Experiências internacionais para organizar o retorno às aulas presenciais

Para encerrar as atividades do dia foram apresentadas experiências internacionais do Peru, Argentina e Uruguai a respeito da organização do retorno às aulas presenciais. Natanael José da Silva, Dirigente Municipal de Educação de Belém de Maria (PE) e presidente da Undime PE foi o responsável por coordendar a mesa de debates que contou com a participação de Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil; Kátia Schweickardt, Dirigente Municipal de Educação de Manaus (AM); Luiza Aurélia Teixeira, Dirigente Educação de Crateús (CE) e presidente da Undime CE; e Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da Undime, Dirigente de Educação de Sud Mennucci (SP).

Para a representante do Unicef esse processo de reabertura das escolas será o maior desafio que os novos dirigentes municipais vão enfrentar em 2021. Segundo ela, o Unicef vê a reabertura das escolas como prioridade absoluta, porque o fechamento dessas unidades tem um efeito profundo na aprendizagem das crianças e adolescentes e na própria convivência social, sem contar os efeitos de impacto mental e até na alimentação desse público. Entretanto, Florence reforçou que essa reabertura tem que ser adaptada por meio de protocolos e com segurança. "Não estamos falando de uma volta como se nada estivesse acontecido, pelo contrário", enfatizou ela ao lembrar que "o efeito do fechamento contribuiu para o aumento das desigualdades, sobretudo para os mais vulneráveis".

Por outro lado, o presidente da Undime defendeu que as aulas presenciais só devem retornar quando houver condições seguras e lembrou que a Undime já solicitou ao Ministério da Educação que a comunidade escolar seja prioridade na vacina da Covid-19. Garcia reforçou ainda que para retornar com segurança é necessário investimento e o que se tem visto, é uma redução dos recursos destinados à educação como é o caso da portaria que altera os parâmetros operacionais do Fundeb, para o exercício de 2020 e reduz valor anual mínimo nacional por aluno.

Para além das experiências internacionais, o debate contou com o relato de Manaus (AM) e Crateús (CE). A Dirigente Municipal de Educação da capital amazonense, Katia Schweickardt, destacou que, diferentemente do que muitos têm dito, ela acredita que esse ano não é um ano perdido e sim um ano de muito aprendizado. Segundo ela, o grande problema do Brasil é que "nós não tivemos coordenação nacional" e a Undime e o Consed assumiram um papel fundamental desde o início da pandemia. Katia chamou atenção para o fato de que "estados e municípios que já estão mais avançados [quanto a essa organização] já tinham um processo organizado, uma estrutura".

A Dirigente de Educação de Cratéus também destacou a falta coordenação nacional no Brasil. "Não podemos negar o protagonismo dos municípios nesse período. O Brasil é um país de dimensões continentais e as desigualdades se ampliaram ainda mais".

8º FNEx

O 8º Fórum Nacional Extraordinário da Undime começou na segunda (7) e vai até sexta-feira (11). Até lá, a proposta é discutir assuntos relacionados aos desafios para garantir o direito à educação em tempos de e pós pandemia, tema central do Fórum.

O evento, promovido pela Undime, é virtual, por meio de videoconferências, em função das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia do coronavírus.

Todos os dias, pela manhã e início da tarde, a programação está voltada para as atividades da feira virtual. (saiba mais aqui) À tarde, a partir das 16h (horário de Brasília), tem início as palestras do Fórum.

Fonte: Undime


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